quarta-feira, 11 de abril de 2012

"A HORA DO CANSAÇO"

As coisas que amamos,
as pessoas que amamos
são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
no limite de nosso poder
de respirar a eternidade.

Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
dar-lhes moldura de granito.
De outra matéria se tornam, absoluta,
numa outra (maior) realidade.

Começam a esmaecer quando nos cansamos,
e todos nos cansamos, por um ou outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária,
rebaixamos o amor ao estado de utilidade.

Do sonho de eterno fica esse gozo acre
na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.

CARLOS DRUMMOND ANDRADE

2 comentários:

  1. Esse poema é lindo... Quando eu paro pra pensar nele, me lembro de todas as coisas e todas as pessoas que ja amei pra sempre... coisas que cairam de moda, que com o tempo foram perdendo a importancia, pessoas que com o passar do tempo foram deixando de combinar comigo, roupas, sapatos, livros, cd´s, bijouterias, maquiagens, amores, amigos, bichinhos de estimação, brinquedos, personagens, sonhos... Alguns acabam com o tempo, acabam com o amadurecer, acabam pelas circuntancias ou a agente simplesmente enjoa, assim como alguns enjoam da gente tb... Ahhh como esses que enjoam da gente agente passa a querer mais, é como uma briga em uma loja de liquidação, daquelas boas mesmo, é terrível imaginar que a roupa que vc acabou de deixar fica melhor em uma desconhecida qualquer que em vc, agente passa adesejar aquela peça só pra não servir pra mais ninguém além de vc mesma... Talves uma espécie de amor... Amor próprio, egoismo, sei lá esse amor é por mim mesma, pra não me entristecer... Amor é complexo demais... Imagine comigo... Eu amo... Deus, amo meu pai, e amo minha mãe, amo um homem, amo musica, amo um cachorro, amo sapato, amo meu curso de formação, alias só por amor pra comcluir aquilo... amo alguns amigos, outros eu não amo não, amo algumas sensações, amo realizações, amo um vestido que eu tenho que eu morro de ciumes dele.... Sentiu a complexidade??? É um amor diferente pra muitas coisas diferentes, isso pq nem me ousa passar pela cabeça tudo que eu ja amei na minha vida e algumas coisas nem me lembro mais!!!

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  2. Ôh! se é complexo!!! como amamos as coisas não? deveríamos amar as pessoas, mas amamos coisas... e tudo isto que você citou acima é a mais pura verdade... penso que quando começamos a amar alguém, parece que precisamos deste alguém ate pra respirar, que dói so de imaginar ser obrigado a viver sem ele, e de repente, ele se vai, sem motivos se vai, e por alguns eternos dias, as vezes até meses, se tem a impressão de que não vai suportar a dor e vai morrer de amor, porque a dor é insuportável... mas ninguém morre de amor, aprendi isso na prática mesmo... uma hora de tanto sofrer, você amadurece, cresce, se torna forte e jura que nunca mais vai amar novamente... e olha so... você ama, ama com todas as forças de uma paixão avassaladora... e é isso, ainda bem que podemos amar tantas coisas e tantas pessoas, e ao mesmo tempo deixar de amar com tanta facilidade, ou nem tanta assim, mas o importante é que a vida continua...

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